Turismo impulsiona retomada econômica seis meses após pior enchente do RS; serra gaúcha investe em festas
Setor de turismo representa 4% do PIB do estado. Cerca de um 1,5 milhão de visitantes são esperados em Gramado e Canela neste fim de ano. Retorno do turismo n...
Setor de turismo representa 4% do PIB do estado. Cerca de um 1,5 milhão de visitantes são esperados em Gramado e Canela neste fim de ano. Retorno do turismo no RS após enchente Reprodução/ RBS TV Hotéis, vinícolas e destinos tradicionais do Rio Grande do Sul sentem o alívio da retomada do turismo seis meses depois da pior enchente já registrada no estado. O setor celebra o retorno dos visitantes – em especial, após a reabertura do aeroporto Salgado Filho – e a reativação das atividades no segmento, essenciais para a economia local. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp O turismo representa 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul. O indicador mede os bens e serviços produzidos em um determinado local durante um período. LEIA MAIS ANTES E DEPOIS: seis meses após cheias no RS, veja como estavam e como estão lugares atingidos 'A gente agradece todo dia', diz mãe de bebê resgatado de helicóptero no Vale do Taquari As vinícolas da serra gaúcha, que sofreram uma queda de até 90% no movimento desde as cheias, começam a notar o retorno dos turistas. Conhecida por atrair de outros estados 70% de seus visitantes, a região dos vinhedos agora observa com otimismo a formação dos primeiros cachos de uva, prenúncio de uma safra promissora para o setor vitivinícola e turístico. "A vindima [período de colheita das uvas] é belíssima. Agora pega os meses do verão, janeiro, fevereiro, é lindo demais, fica um cheirinho de uva, de vinho pelas ruas daqui do vale, é lindo, é único", relata Gabriela Jornada Schimitz, sócia-proprietária de uma vinícola. A região dos vinhedos observa a formação dos primeiros cachos de uva Reprodução/RBS TV O período também marca o início das celebrações de fim de ano, quando os municípios de Gramado e Canela lançam uma programação de Natal que se estende por três meses, esperando atrair cerca de um 1,5 milhão de visitantes. O movimento crescente nas festividades de Natal na serra gaúcha, onde espetáculos diários e uma decoração luminosa já encantam o público, leva os hotéis, que desde maio vinham operando com uma taxa média de ocupação de 35%, a projetar uma ocupação acima dos 70%, com expectativas de atingir 75% nas próximas semanas. "Eu amo aqui esse lugar, é lindo, principalmente o Natal Luz. Ajudamos como pudemos de lá do Espírito Santo. Mas assim, estamos aqui agradecendo a Deus por ter renovado isso tudo aqui", relata a turista Maria da Paixão. Natal em Gramado Reprodução/RBS TV O setor hoteleiro, inclusive, vem retomando contratações, como o caso de uma pousada em Canela que recontratou funcionários, triplicando a equipe. "A nossa expectativa é imensa, de que eles retornem, de que a gente possa receber. Nós estamos com o coração cheio de amor só esperando que eles voltem, voltem para cá, venham ver tudo que a gente fez", diz a empresária Mona Opptiz. Pousada em Canela Reprodução/RBS TV Desafios No entanto, os danos causados pela enchente ainda impactam o setor turístico, que estima um prejuízo superior a R$ 1 bilhão na região de Gramado e Canela. A tragédia climática do mês de maio deixou 183 mortos e 27 desaparecidos, segundo informações da Defesa Civil do Rio Grande do Sul. "Nós já sentimos uma boa melhora nas vendas para o mês de novembro, para o mês de dezembro elas estão realmente aquecidíssimas. Então, na última semana tivemos uma grande procura e acreditamos que daqui para frente, os meses de janeiro, fevereiro, março, vão começar a entrar dentro da normalidade e teremos aí um grande ano em 2025", comenta o presidente da Sindtur Serra Gaúcha. Cláudio Souza. Rio Grande do Sul se prepara para temporada de turismo, seis meses após enchentes O turismo vem sendo promovido por uma campanha nacional, posicionando o Rio Grande do Sul como um destino turístico destacado no Brasil, valorizando a diversidade de suas regiões. "Apesar de termos enfrentado um momento difícil, estamos com os nossos parques em condições, pousadas, hotéis, todo o receptivo em condição de atender", relata o governador Eduardo Leite. Segundo o governador do estado, "o turismo sofreu muito no momento imediato das chuvas". De acordo com ele, o setor se sustentou a partir do turismo vindo das proximidades: "por excursões, por meio rodoviário, por ônibus". O Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha) acredita que a retomada será gradativa, normalizando a entrada de passageiros no estado. Para a associação, o cenário é otimista para a volta do movimento de turistas, tanto na capital como no interior do estado. Igreja em Gramado Reprodução/RBS TV Novidades na Serra para a retomada Os empreendimentos turísticos da serra gaúcha estão investindo em novidades e experiências para atrair visitantes e fortalecer a retomada do setor. Com a chegada da temporada de Natal, a região se prepara para um fluxo maior de turistas, apostando em tecnologia, interatividade e ofertas exclusivas. Um dos destaques é um parque temático com mais de 30 anos que aproveitou o período de baixa visitação para remodelar suas atrações. Agora, os visitantes podem experimentar uma imersão total no clima natalino, com mais tecnologia e interatividade. "O projeto começou a ser desenvolvido no início do ano e colocamos como meta estar aberto neste Natal", afirma Renato Fensterseifer Junior, consultor do parque, que está pronto para receber o público com a nova proposta. Parque temático em Gramado Reprodução/RBS TV As fábricas de chocolates artesanais também se reinventaram. Com a reprogramação das viagens de muitos turistas, as empresas apostaram em novas linhas especiais de produtos para o Natal. "As lojas estão preparadas, a cidade toda está enfeitada, e temos muitas novidades em chocolates", afirma o presidente de uma das principais fábricas, Fabiano Contini, otimista com a expectativa de aumento nas vendas. Uma agência de viagens local decidiu apostar em uma estratégia para atrair clientes: oferecer passeios cortesias por Gramado e Canela, além de lançar um roteiro exclusivo pelas fábricas de chocolates. "Com os voos de volta, as pessoas têm mais segurança e opções para chegar ao Rio Grande do Sul. Ainda temos vagas na hotelaria e muitas oportunidades de compra de passagens aéreas de última hora para a temporada de Natal e para o primeiro semestre de 2025", destaca Adriane Brocker, CEO de uma agência. Passeios por Gramado e Canela Reprodução/RBS TV A inovação também chegou aos parques de entretenimento e esportes. Em um deles, os visitantes agora podem jogar basquete em realidade virtual. "Estamos confiantes de que este Natal ajudará a recuperar as perdas. Teremos um movimento muito bom e esperamos fechar 2024 com números bem próximos do que seria a realidade pré-enchente", comenta Corália Maslinkiewicz, gerente comercial e de marketing do parque. Parque, em Gramado, inova em jogos de basquete com realidade virtual Reprodução/RBS TV Outro empreendimento da região é um parque de bondinhos que leva os turistas a uma vista privilegiada de uma cascata. O local está passando por obras de ampliação e promete inaugurar uma nova atração até o final do ano. "Com a reabertura do aeroporto, nossa expectativa é que o movimento triplique nas próximas semanas", afirmou a gerente do parque, Janice de Castilhos, reforçando o otimismo com a retomada do turismo. Bondinhos em Canela, no RS Reprodução/RBS TV Reabertura do Aeroporto Salgado Filho Após mais de cinco meses, o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, voltou a receber voos comerciais no dia 21 de outubro. De acordo com a Fraport, concessionária do terminal aeroportuário, a capacidade total atual é de receber até 128 frequências domésticas diariamente, com cerca de 12 operações por hora, entre 8h e 22h. Primeiro voo comercial chega ao Aeroporto Salgado Filho, cinco meses após terminal ser fechado por enchente RBS TV/Reprodução A impossibilidade da realização de voos comerciais a partir da Capital trouxe amplas consequências econômicas ao Rio Grande do Sul, de acordo com levantamentos. O setor industrial gaúcho, por exemplo, perdeu cerca de 11,5 mil empregos entre os meses de maio e junho, conforme dados apontados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). "Quando a gente consegue reabrir o aeroporto, a gente aproxima essas regiões todas do turista de mais longa distância, que fica mais tempo e acaba também gastando mais", diz Eduardo Leite. Avião ilhado no Aeroporto de Porto Alegre nesta segunda-feira (6). Diego Vara/Reuters Um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) aponta que houve uma queda de 38,5% no fluxo comercial que passa pelo aeroporto de Porto Alegre no primeiro semestre de 2024, se comparado ao mesmo período do ano passado. Para o gerente de um hotel na região serrana, a reabertura do aeroporto gera boas expectativas. "Nos traz esperança de que a gente realmente possa finalizar o ano com uma cidade lotada, com os hotéis cheios, com os restaurantes movimentados e que a gente possa realmente fazer o que a gente sabe fazer de melhor, que é acolher todo o povo e trazer experiências incríveis para todos", diz Anderson Herold. Nos primeiros seis meses deste ano, segundo a FIERGS, o Salgado Filho movimentou US$ 108,1 milhões em produtos, dos quais US$ 16,6 milhões foram em exportações e US$ 91,5 milhões de importações, o que representa uma queda de US$ 67,6 milhões, ou R$ 381,2 milhões, na cotação atual. O terminal de cargas do Salgado Filho foi reaberto em junho, mas apenas para acesso rodoviário. VÍDEOS: Tudo sobre o RS